Retrato do amor enquanto jovem - parte 1
Eu posso me lembrar como se fosse hoje, porque todas as vezes são iguais. Ela se sentava duas carteiras a minha frente, na segunda fila à direita. Era uma distância imensurável. Todas as vezes que olhava para o quadro negro, antes olhava para seus cabelos. Somente pensava em como devia ser legal ficar de mão dada com ela durante o intervalo. Dividir o mesmo lanche e lhe contar algumas piadas para faze-la sorrir. Mas ela não andava com cara algum. Não conversava com ninguém. Acho que não possuía nenhum amigo do sexo oposto, e meu Deus, como eu sofria com o seu silêncio.
Toda vez que seu pai não vinha a buscar após a aula com aquela Caravan, eu ia caminhando atrás dela. Cerca de uns 20 metros, com minha lancheira na cintura, há uma distância suficiente para parecer que não a seguia. Mas podia admirá-la. Eu nunca conversei com ela. Assim deve ter sido até a quarta-série quando eu já estava apaixonado por outra garota, de pele clara e cabelos encaracolados escuros. Como eu a amava, e ela, também me amava. Nós nunca conversávamos, mas ela foi meu primeiro beijo, e eu já achava o suficiente para colocar a mão em suas nádegas, como os caras da sexta-série faziam. Eu sempre fui um pouco abusado, mas acho que elas sempre gostaram. Todas as vezes são iguais, mas as vezes é difícil recordar. Aquela foi a primeira vez. Eu estava na pré-escola e depois daquilo, nunca mais foi do mesmo jeito. :: Vinicius Aguiari, - 1:17 PM [+] :: ●
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