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Vinicius Aguiari - 24 anos - Jornalista
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::  sexta-feira, abril 20, 2007  ::

Camden Crawn 2007

Era um belo dia ensolarado e de clima agradável, não tipicamente londrino. Se eu fosse mais uma vez para o trabalho, poderia ter adquirido alguma doença de consequências sem estimativas. Biquei. Ainda sem ter planejado, fui a Camden pela manhã, comprei o ingresso para o festival e voltei para casa esperando o cair tarde para retornar ao local.

O Camden Crawn é uma espécie de South by West (o festival texano) londrino. 15 pubs e bares do bairro, conhecido pela sua agitada cena musical, recebem mais de 80 bandas em dois dias de evento. Ontem, quinta-feira, foi a primeira noite.

A multidao em Camden em um tipico domingoApesar de toda expectativa, dos jornais falando da atmosfera do lugar, o movimento nas ruas era o mesmo de uma weekday comum, um pouquinho decepcionante para quem tinha em mente uma espécie de parada de sete de setembro rock'n roll.

Cheguei e logo entrei no Eletric Ballroom, lendária casa de show do bairro onde o Los Hermanos se apresentaram por aqui no ano passado. Pedi uma cerveja e vi apresentacao do I am Kloot por cerca de dez minutos. Belo esquenta. Show terminado, minha pint está pela metade mas não posso deixar o lugar para beber pela rua. "Você tem que deixar o copo amigo" - "Tá maluco? Me dê um minuto". Era uma pint daquelas.

Servico feito, saio a procurar um novo porãozinho para me esconder. Entro no Underwolrd onde um negro toca hip-hop com bateria acústica. Nao é a minha, estou atrás de guitarras. Caio fora, viro a esquina e desco a rua. Chego ao Oh! Bar, onde eles estão entre o intevalo de uma banda e outra. A esta hora já saquei tudo. Podem existir 40 bandas tocando simultâneamente, você não vai assistir mais que cinco. Saio fora, volto e pego a Parkway Road. Uma fola enorme se forma em frente ao Dublin Castle às oito da noite. Tudo porque, ali, Amy Winehouse fará a sua apresentação. Pensei "Amy cool, ela tem atitude, mas não é a minha. Quero ver guitarras, além do mais, cruzei com ela outro dia na rua, ela mede um 1,50 e nada de bunda."

Objetivo agora é ver de perto a aceitação do público gringo para os brasileiros do Bonde do Rolê. Eles se apresentariam no Bullet bar, no extremo oposto do mapa. Desco a rua, viro outra, erro o caminho, volto, ando mais um monte, atravesso o canal e finalmente chego, às nove em ponto. O Bonde estava marcado para as nove e quinze. Pego outra cerveja, converso com um inglês, conto que sou brasileiros, que vim para ver a banda e tal. Ele me pergunta se gosto. Respondo que pessoalmente não muito, que vim para conferir qual é. A namorada canadense dele chega e se apresenta. É gatinha.

Comer por comer, sou mais a Kelly KeyA banda comeca e nem se eles fossem chamados para animar uma matine de maternal, obviamente censurando suas letras, deviam ser levados a sério. O público até se anima, se empolga com as batidas, que nem de longe beiram a energia de um morro carioca (acreditem porque eu já estive lá e sei como é). O pior é que essa juventude de apartamento classe média, que se aproveita da explosão do funk, é a mesma que faz piada dos costumes dos pobres favelados, que posta videos no YouTube ridicularizando suas empregadas. E ai vem com essa "Eu faço igual a você, mas lá estúdio no meu quarto". Tá bom, dá um tempo, quero ver ir tocar funk pesado tendo que lavar roupa e sustentando filho que você teve ainda solteira. Conclusão: ótimo que o Bonde do Rolê esteja na gringa. Antes aqui do que por ai!!!

Tudo bem porque a essa altura eu também já estava ficando alto. A loirinha canadense, me vendo fazer um filminho com minha velha e defasada Sony DSP-32 2001, pediu para eu tirar algumas fotos para ela. Clico e ela me agradesse me com um beijo molhado em minha bochecha. As coisas estão esquentando. Achei gostoso, mas já são nove e meia. O Black Rebel Motorcycle Club sobe ao palco daqui a uma hora, tenho que me apressar senão quiser ficar de fora. Me despesso do casalsinho. Agora é ele que me tasca um beijo na bocheca. Penso "Que putaria" e vazo!


Chego a tempo de entrar no Underworld. Na parede uma foto de Derrick Green, do Sepultura, com a data que a banda se apresentou por ali. Desço as escadas e vou para o porão onde cerca de 150 pessoas assistem uma loira com sua Fender Telecaster rasgante acompanhada de um baterista. Apresentação enérgica que termina cinco minutos depois. Agora é hora de esperar pelos caras da noite.

O Black Rebel Motorcycle Club está iniciando a turnê de divulgação do seu novo álbum, Baby 81. Na próxima semana, eles fazem um show no Astoria, mas ontem eu tive a oportunidade, finalmente, de assistir uma banda assinada por uma major tocando em um lugar minúsculo, para menos 500 pessoas. E foi foda.
Peter Hayes ao vivo, de Nirvana a Jesus & Mary Chain, tem um pouco de tudo ali, fodao!!!
Nunca fui um grande fã da banda, achei massa o primeiro disco dos caras emulando o Jesus & Mary Chain, escutei o Howl, mas sempre fiquei naquela "Legal, bem produzido, visual, guitarras carregadas, mas falta alguma coisa" --como se os caras fossem o o Forgotten Boys gringo. Porém, ontem meu conceito do grupo mudou. O BRMC é phoderoso, é doido, é pesado.

Peter Hayes sabe disso e logo após a primeira musica, o novo single Berlin, ele pergunta pra galera "Is everybody ok?". Por enquanto. Logo eles emendam a próxima pedrada, Not What You Wanted. A banda basicamente é um trio, somente às vezes precisando de um músico auxiliar, e apesar do timbre e da levada diferenciada, é bastante plausível compará-los ao Nirvana, devido a quantidade de barulho que produzem.

Mais umas duas tijoladas levadas por palhetas alternadas e cadenciadas nas Gibsons semi-acusticas, uma garota sobe ao palco para fugir da multidão ensandecida. Hayes ironiza "She had enough. Is everybody still ok?". Na sequência, mandam a balada Am I Only? A essa altura, o show que tinha sido anunciado para ser curto, apenas 45 minutos, já superava uma hora. Pessoas descabeladas, jaquetas nos bracos, tímpanos realmente estourados, então Hayes pergunta pela ultima vez "Is everybody still really ok?". Claro que não, mas quem se importa, chegamos onde queríamos ao som de Whatever Happened to My Rock´n roll. Esse foi o primeiro show de rock, verdadeiramente rock, que vi neste ano. Obrigado ao Black Rebel Motorcycle Club.
 

:: Vinicius Aguiari, - 8:09 AM [+] ::

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