TERRA RULES!
Da estação de Santo Amaro até a Villa dos Galpões foi fácil. Encontro um maluco e ele logo vem: "E ai, tem algum?" no melhor espirito de festivais dos velhos tempos. "Tô indo pra ver a Lily Allen, tenho ela no meu myspace, new-rave é o que há" prossegue ele falando demais e sem diferir bananas de bufas. Para concluir, puta negócio deixar para comprar o ingresso na mão de cambistas. O tal sujeito pagou apenas R$ 25,00.
Cheguei atrasado para o Datarock, um dos melhores shows da noite. Eu sei do que estou falando porque já vi. Fredrik Saroea e Ketil Mosnes adentram ao palco encapuzados em seus macacões vermelhos e disparam sua introdução como dois rappers. Você se pergunta: "Que porra é essa? Esse requentado de Beastie Boys?". Então Tom Maeland e Kevin O'Brien se juntam aos primeiros e o combo está formado. Uma mistura de dance-funk-punk. I used to dance with my daddy, Night Flight, Sex. Já deu para esquentar. Carburou. Ferveu. No fim a platéia canta em coro: Fafafafa - fafafafafafa. E o Datarock tem uma nova legião de seguidores no Brasil. De lá fui pra Lily Allen, a inglesinha cute que foi fundo no baú da tradição musical inglesa para resgatar, em partes, um estilo o qual os britânicos sempre foram fã: o ska. Não há toa que quase toda a banda de Lily é formada por negros. Porém, a música da garota fica em segundo plano frente a sua personalidade. Lily bebe no palco, fuma, esquece as letras, manda as favas as pessoas que tentam foder com ela, caras que tem pau pequeno e viciados em crack (recado para Amy, "Não importa porque eu estou aqui hoje" - diz ela). Grande Lily. Tem gingado e suingue, quase como se tivesse nascido no Caribe. Musicalmente - e torçam o nariz, uma espécie de Ivete Sangalo indie, conduzindo com os pés descalços seu show. Mas não importa, a música é só um detalhe na personalidade divertida e provocante da inglesa. Vi o fim do CSS, não comento. O que posso dizer é que meus amigos saíram eufóricos e suados, além de terem tocados os peitos de Lovefoxxx durante seu stage-diving. E perdi parte do Devo (imperdoável e irremediável), como também vi só parte do Rapture restando somente poder comentar sobre o Kasabian. Tom Meighan tenta ser perigoso, vai fundo ao homenagear Linda Kasabian - uma das seguidoras de Charles Manson, dando seu nome à banda, se veste como um droogie na tentativa de ser o quinto demente do grupo imaginado por Anthony Burgess; porém, ao vivo sua arrogância dá lugar a insegurança. O vocalista até se arrisca, mas o perigo não anda ao seu lado. Meighan agradece ao público a toda hora em português na tentativa de ganhá-los, usa de clichês e pede até palmas ao alto. Na disputa de egos internos, o guitarrista Sergio Pizzorno se mantém discreto e leva a melhor quando assume o vocal em uma das músicas. Fantasiados de roqueiros e perigosos. Postura, glitter, glam. Não faria a mínima diferença se o Kasabian, ao invés de ser quem são, fossem o Darkness. :: Vinicius Aguiari, - 12:23 PM [+] :: ●
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