Por onde andam os coronéis da moda?
![]() Quem esteve lá se lembra, durante a penúltima SPFW (edição Inverno/2008), do frisson causado pelo anúncio da compra das marcas Fause Haten, Herchcovitch; Alexandre, Herchcovitch; Jeans, além da Zoomp pelo grupo I´M (Identidade Moda). Tudo era informado com grande alarde e euforia. Era o salto da moda brasileira para o topo das principais passarelas mundiais. Finalmente, nossos estilistas seriam novos Valentinos, Jacobs, Guccis. São Paulo se tornaria a nova Milão, Paris, Tókio, Nova York. Os coronéis da moda passeavam pela Bienal felizes de seus feitos. Eram o foco dos flashs e carregavam a segurança (prepotência) que só os coronéis são capazes. Apesar de terem comprado algumas das mais significativas grifes brasileiras e serem os patrões de estilistas talentosos, não abandonavam as tradicionais camisas de algodão cru de seus condados. Em reuniões secretas, sugeriam antigas bailarinas como futuras garotas propagandas. Era como ter encontrado o último poço de petróleo ainda inexplorado. Até o ministro da cultura caiu na história. O vilarejo iria se transformar em uma metrópole e todos passariam a ser ricos, bem vestidos e elegantes. Porém, os planos não saíram como o planejado. Os compromissos não foram honrados e, logo, passaram a ser rompidos. Alexandre Herchcovitch foi o primeiro, em abril passado, a revelar que as negociações não haviam se concretizado. Em seguida, foi a vez da Zoomp, a qual tinha sua coleção assinada pelo próprio Herchcovitch, sentir os efeitos do estrangulamento de suas finanças. A tradicional marca do raio não suportou e, às vésperas de pisar mais uma vez na passarela, o grupo I´M anuncio que a marca não participaria do evento, na ausência mais significativa da SPFW. Agora, já no decorrer da atual edição da semana, Fause Haten se desligou do controle criativo de sua grife. Como Marcelo Sommer, que também vendeu sua marca e depois foi afastado do controle criativo da mesma, a negociação de Fausen foi concretizada. E Fause deixou para trás, com o coração partido, sua antiga marca e desfilou a nova FeagHa (FH), de maneira independente. E os coronéis, sedentos e ansiosos, vieram, compraram e levaram tudo. E ninguém sabe ao menos pra onde. Como forasteiros que invadem o Mato-Grosso, o Pará, Roraima, o Tocantis, o Amazonas e o Acre e devastam tudo, voltando pra casa em suas camionetas importadas enquanto os caminhões se encarregam do trabalho sujo. Pelo menos roupas não são como árvores. Mãos às obras meus caros. :: Vinicius Aguiari, - 5:37 PM [+] :: ●
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