O TIM 2008 melhorou, piorou, e no final saiu perdendo
![]() O TIM Festival resolveu bem os principais problemas da edição passada. Os horários foram respeitados e o som estava alto (a ponto de ser preciso se afastar das caixas em alguns momentos do show do MGMT). Se nas noites anteriores, para os shows do Kayne West e Klaxons, os cambistas estavam vendendo ingressos por R$ 10, no sábado a história não se repetiu. Os atravessadores não apareceram. Somente um homem fazia à vez, elevando os preços das entradas para R$ 70 / R$ 80, dependendo da negociação. Do lado de dentro, o espaço foi uma atração à parte. A organização montou um tablado sobre o chão do Ibirapuera e o cobriu com carpete vermelho, o que favoreceu a acústica. Os banheiros (químicos) foram instalados dentro de espaços ambientizados, com portas de madeira e pias com sabonete e cremes para as mãos _tudo patrocinado, claro_, mas melhor do os sanitários de muitas casas noturnas por aí. Visto isso e apesar da escalação meia boca, onde o TIM errou para justificar o baixo público do evento? Justamente em dividir as atrações em tantos dias e em repassar o custo para o público, esquecendo-se que o TIM Festival se trata essencialmente de uma ferramenta de marketing. Se os ingressos fossem vendidos a R$ 100 por noite, certamente o espaço teria sido mais bem preenchido. O Brooklin dos mestrandos ![]() Apesar de não ter sido anunciada com alarde, o National, provavelmente, foi a melhor atração do evento. Digo "provavelmente", pois não vi as outras. E já que não vi as outras, posso afirmar que foi a melhor (pelo menos das que vi hehehe). O vocalista Matt Berninger parece o tipo de cara que deu um tempo no mestrado para começar uma banda. Ao vivo, os cinco membros da banda ganham o reforço de três outros músicos (trompete, trombone e violinos). ![]() Em seus momentos de maior entrega, o mestrando Berninger chega a lembrar um Ian Curtis. O vocalista bate fixadamente a garrafa de água contra as caixas de som de retorno e mexe os braços com estranha sincronia. A harmonia crescente de “Fake Empire”, que começa com os acordes de teclado, seguido pelos vocais, bateria e os sopros, soa épica. O National fez um show catártico, talvez como não se tinha visto, no Brasil, desde o Arcade Fire, no mesmo Tim, em 2005. O Brooklin dos calouros ![]() Boa parte do público da noite foi vestido a caráter para ver o MGMT, principal atração da noite. Faixas na cabeça, coletes de couro, batas coloridas e lipsticks fluorescentes foram os trajes mais usados por uma horda de fashionistas e órfãos das raves de psy. No palco, a banda de Ben Goldwasser (tecladista) e Andrew VanWyngarden (guitarras) tinha praticamente o dobro da quantidade de luz e volume de som das bandas anteriores. Bom para eles, que exploraram os recursos em suas bases longas e viajandonas. Se o Klaxons foi a banda de 2007, o MGMT é revelação de 2008 para essa vertente colorida do indie rock. Mérito dos caras que em uma listas das dez músicas do ano, eles estejam presentes com duas: “Kids” e “Time to Pretend”. Porém, ambas, que são dançantes, coloridas e alegres, soam distoantes do resto do trabalho do grupo. Ao vivo, VanWyngarden e Goldwasser também soam tímidos (o tecladista mal participa dos backing vocals) e acabam perdendo espaço para o outro guitarrista e o baterista do grupo, que toca rápido e pesado, uma versão hipponga de um jovem Dave Grohl. Após cerca de 45 minutos de show, a banda emenda as duas músicas que todo mundo esperava e incendeia a platéia, que volta a dançar e sacudir. Mas já era tarde. O MGMT deixa o palco sem ter o que trazer de volta para o bis. E não voltam. Nada usual para o desfecho de um festival de grande porte. Marcadores: Kayne West, MGMT, The National, Tim Festival :: Vinicius Aguiari, - 2:30 PM [+] :: ●
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