::Cheiraqui::
Vinicius Aguiari - 24 anos - Jornalista
Flickr
email



Blogs

Alex Castro (LLL)
Andrea Del Fuego
Barbara Blanky
Bruno Saia
Carol Mazetto
Cecilia França
Cecilia Gianetti
Fabrício Carpinejar
Ilsson Siriani
Joca R. Terron
Marcelo Taz
Márcio Américo
Mário Bortolotto
Paula Cantieri
Sergio Faria
Thomas Texano
Xico Sá

Sonoros
All Music
Bizz
Coquetel Molotov
Discofonia
Dying Days
Gordurama
Grave
Ilustrada no pop
Jotabê Medeiros
Kid Vinil
Lúcio Ribeiro
Mojo Books
NME
Peligro
Revoluttion
Rock Press
Rraurl
Senhor F
Trabalho Sujo

Outros
C. J. Tognolli
Cocadaboa
Digestivo Cultural
Gui Tosetto Fotoblog
Leila Lopes Fotoblog
Pílula pop
Porta Curtas
Portal Literal
Roteiros on-line
Scream&Yell
Super sexies
Trip

Arquivos


This page is powered by Blogger. Isn't yours?

::  segunda-feira, maio 29, 2006  ::

Notícias do mundo pop

O Smashing Pumpkins anunciaram oficialmente a sua volta. A notícia está na primeira página do site da banda. Segundo informa o site, os Abóboras estão trabalhando em novas músicas, ainda sem previsão de lançamento.
Difícil será encontrar alguma veia ainda não puída de heroína nos corpos de Billy Corgan, James Iha, D'Arcy Wretzky e Jimmy Chamberlin. Visto o último disco solo de Corgan, The Future Embrance, a inspiração e criatividade dos tempos de Mellon Collie and the Infinite Sadness, o álbum duplo mais vendido da história da música pop está distante. Até mesmo repetir a fórmula de um Siamese Dream ou Gish, pode ser pouco provável. Os Pumpkins poderiam fazer como o Pixies, uma Sold Out Tour (turnê dos vendidos) e já estava de bom tamanho, porque se morreu, só basta enterrar.

Agora uma melhor:
A ex-bbb e por muito tempo ainda gostosa Mariana assinou contrato com a revista Playboy e será a garota da capa da edição de Julho. A pescadora deve ter percebido que a fama de ex-bbb já não se sustenta por tanto tempo e decidiu ceder. Melhor para a revista que deve ter economizado alguns milhares de reais. Agora se o ensaio de Mariana for tão comportado quanto o da outra ex-bbb Graziela Massafera, acho que a Abril pode procurar o Ministério da Educação e vender a edição a eles, pois o conteúdo será tão infantil que a revista poderá ser utilizada nas aulas de orientação sexual dos alunos do primário. E isto é péssimo para a carreira de “atriz modelo” que elas tanto estimam. Se querem como exemplo algo bem sucedido e ousado, reproduzam ensaios como os de Vera Fischer, da Alessandra Negrini, e alguns das Scheilas, estes sim, arregaços eróticos, no bom sentido.
 

:: Vinicius Aguiari, - 6:45 PM [+] ::

::  sábado, maio 27, 2006  ::


Já era tarde, porém a chuva havia parado, então decidimos continuar em frente. Nas ruas, as lâmpadas dos postes ainda exibiam a luz úmida em torno de suas auras, restinga do orvalho. O chão estava molhado, fazia muito frio, por isto vestimos nossos mais grossos moletons e jaquetas forradas.

No relógio, uma hora e quarenta e cinco da manhã. Logo estaríamos nas gargantas da cidade. Quatro garotos e nenhum motor. Descemos três quadras até o primeiro ponto, mas não havia mais ônibus algum. Estávamos há quilômetros distantes do nosso destino. Era uma noite muito fria e aquilo era só o começo.

Engolimos os primeiros cogumelos quando o relógio chegou as duas e continuamos caminhando. O frio já não era mais o mesmo, vacilava entre ameno e intenso, podia ser culpa do vento, mas nós não mais nos importávamos. Passamos a fazer parte daquilo. Nossos corpos se fundiam ao concreto e ao ar úmido. Aquele clima gelado não era nada mais do que o próprio reflexo de nossas almas, o reflexo de um mundo congelado dentro de um coração guardado na câmara fria de um frigorífico. Nós havíamos roubado todo o calor do inferno e dado de presente aos anjos, que desgostos com nossos atos decidiram nos abandonar, não olhar mais por nós.

Vibrações atravessavam nossos rostos, sorrisos se projetavam em nossos cérebros, estávamos confiantes, mas até quando? Malditos anjos! Nós não fomos bons o suficiente e não estamos prontos para encontrar com a inquisição de nossos pecados. Quem segurará nossas mãos quando chegarem os primeiros abalos? Quando o esgoto inundar as ruas e todo o resto do mundo em um enorme refluxo? Merda e sangue jorrando por buracos encravados nas ruas. Como protegeremos nossos rostos e mãos do fogo que jorrará da copa das árvores? Lá vem a grande onda.

Um tropeço, tudo sobre controle, está tudo sobre controle. Mais um carro que vem e logo se vai. Mais um espectro que atravessa minha alma. Boas vibrações, sintonize boas vibrações e seja forte. O frio ainda é o mesmo, só mais gelado e colorido. As luzes mais contagiantes e o céu é apenas o caminho expresso para um outro mundo. Fique firme, seja forte. Nós estamos apenas no começo. Seja forte. Vamos devastar este inferno e semear um novo paraíso.
 

:: Vinicius Aguiari, - 11:21 PM [+] ::

::  quarta-feira, maio 24, 2006  ::

Kelsey Grammer como Fera em X-Men - o confronto final
E nesta sexta estréia o capítulo final da trilogia: X-Men - o Confronto Final, e parece que o filme vai ser polêmico devido a possibilidade de "cura" por parte dos mutantes, o que pode dividir a classe enquanto categoria. Por um lado a Vampira acha o máximo pois finalmente vai poder tocar seu namorado. Já Magneto, Tempestade e o outra turma do sindicato acham a idéia absurda. E daí vem a divisão.

Legal que pela primeira vez o tranquilo Dr. Fera (foto acima) vai aparecer. Já para outros, como o menos exótico mas não menos excêntrico Gambit, a saga não abriu espaço, infelizmente. Sorry cherry como ele já dizia.

Continuo achando que cada filme poderia ser apenas um episódio e passar na Xuxa toda manhã. Pelo menos isto valeria o esforço de acoradar cedo. Portanto, a partir de sexta, corram ao cinema meninos!
 

:: Vinicius Aguiari, - 9:21 PM [+] ::

::  segunda-feira, maio 22, 2006  ::

Ronnie Von em seu disco psicodélico de 1967
Silvia 20 horas domingo

Que alegria, você estará comigo
Domingo que vem
Ficaremos sorrindo eu darei
Com carinho uma flor para você
Pra lembrar marquei na agenda,
Silvia, não esquecerei, não, não, não...

Silvia 20 horas domingo (3 vezes)


Foi tão bom eu ter lhe encontrado
Que eu vivo ansioso a esperar
Que a semana passe depressa
Pra de novo lhe encontrar
Não esquecerei não, não, não...

Silvia 20 horas domingo (3 vezes)


O Ronnie Von é o máximo. Há algum tempo atrás, durante sua participação no programa do Jô, enquanto analisava com o Gordo algumas flores ele dizia coisas como: "Papai e eu sempre admiramos as espécies de orquídeas". Trocando em miúdos, Ronnie Von é um frango, destes caras que nunca viram uma briga na saída da escola, porém um frango do caralho, culto, inteligente, não arrogante e benevolente.

A história de Ronnie é cheia de fatos pitorescos. Aos 15 anos, quando estava na Aeronáutica, eis que sua babá surge no hangar e obriga o cadete responsável a anunciar: “Atenção, o corpo de cadete está em atenção. Cadete Nogueira, atenção cadete Nogueira. Sua babá está aqui e trouxe um bolo de chocolate. Atenção, cadete Nogueira. Sua babá está aqui com um bolo de chocolate”. E assim terminou sua carreira na aeronáutica.

Em 1964, Ronnie iniciou na carreira musical. Era um apaixonado pelos Beatles e seu primeiro compacto foi Meu Bem, uma versão de Girl, do quarteto de Liverpool. A partir disto, se tornou um novo ídolo do Iê-iê-iê da Jovem Guarda. Seus olhos verdes e tristes conquistaram os corações das garotas, sentenciou Agnaldo Rayol. Hebe Camargo o apelidou de O Príncipe, como alguns se referem a ele até hoje.

Em 1967, Von lança A Praça, música de Carlos Imperial que o apresenta menos beatlemaníaco e mais versátil. Nesta época, Ronnie já possuía um programa na TV Record, O Pequeno Mundo de Ronnie Von, uma alusão ao romance O Pequeno Príncipe de Antoine de Saint-Exupery. Com o fim do programa, Ronnie viaja para a Disneylândia onde passa 17 dias e aprende muitas coisas no bairro dos Hippys, voltando um ser psicodélico.

Como sua influência maioral, os Beatles, Ronnie entra de cabeça na paz e amor e produz algumas pérolas da psicodelia nacional. Silvia 20 horas domingo, faz parte desta fase. Entre as pérolas expelidas pelas viagens de Ronnie encontram-se frases celebres como “Há mais almas do que terras para cultivar neste mundo”, frase dita ao receber o titulo de cidadão paulistano em 1968; “A misteriosa luta do reino do para sempre contra o império de nunca mais”, titulo do seu disco de 1969, que abre com a também emblemática “De como meu herói Flash Gordon irá levar-me de volta à Alpha do Centauro meu verdadeiro lar”. Deu para ter uma noção do grau de Von, realmente o príncipe estava com a cabeça feita.

E assim Ronnie tocou a vida, entre discos, programas no rádio e na TV, até que em 1979, com o fim do seu casamento, teve uma doença rara, uma Polioneurite Neuro Radicular, que lhe retirou todos os movimentos de seu corpo gradativamente e o deixou de cama por muito tempo. Muitos o condenaram a morte, até que ele foi salvo por um terapeuta que curou-o com acupuntura.

Após isto, Ronnie já havia deixado a psicodelia de lado. Casou-se, descasou-se de novo, casou-se novamente. Gravou alguns discos, participou de programas de TV, filmes com os Trapalhões. Em 1992 lançou seu primeiro livro “Mãe de Gravata”, onde relata suas experiências na criação de seus filhos, até que chega ao pouco distante ano de 2001, quando é contratado pela TV Gazeta, a frente do programa Todo Seu, um programa que mistura culinária ala Maria Braga e talk show das onze e meia. E Ronnie continua lá até hoje. Culto, elegante, educado, romântico, maluco. Um verdadeiro príncipe.

Acesse o profile dedicado a Ronnie Von no myspace e escute Silvia 20 horas Domingo e Anarquia.
 

:: Vinicius Aguiari, - 8:53 PM [+] ::

::  quarta-feira, maio 17, 2006  ::

"A história mais vibrante desde O Cachorrinho riu de Arthuro Bandini"
Rolling Stone Magazine

"Você assistiu Meu primeiro amor, o filme? pois esqueça, este é o maior retrato do amor infantil"
Washington Post


"Nick Hornby voltou até os treze anos em Alta Fidelidade? Aqui o autor lembrou até de sua lancheira"
Uncut Magazine


"He is not a musician, but must will be"
NME

"Pulsante e bem escrtio, mas juvenil. Vamos ver quando completar a mairoridade"
Folha do Interior


cheiraqui apresenta:

O mini Fábio Assunção do ginásio


Eu posso me lembrar como se fosse hoje, porque todas às vezes são iguais. Ela se sentava duas carteiras a minha frente, na segunda fila à direita. Era uma distância imensurável. Todas as vezes que olhava para o quadro negro, antes olhava para seus cabelos. Somente pensava em como devia ser legal ficar de mão dada com ela durante o intervalo. Dividir o mesmo lanche e lhe contar algumas piadas para lhe fazer sorrir. Mas ela não andava com cara algum. Não conversava com ninguém. Acho que não possuía nenhum amigo do sexo oposto, e meu Deus, como eu sofria com o seu silêncio.

Toda vez que seu pai não vinha a buscar após a aula com aquela Caravan, eu ia caminhando atrás dela. Cerca de uns 20 metros distante, com minha lancheira na cintura, há uma distância suficiente para parecer que não a seguia. Mas podia admirá-la. Eu nunca conversei com ela. Assim deve ter sido até a quarta-série quando eu já estava apaixonado por outra garota, de pele clara e cabelos encaracolados escuros. Como eu a amava, e ela, também me amava. Nós nunca conversávamos, mas ela foi meu primeiro beijo, e eu já achava o suficiente para colocar a mão em suas nádegas, como os caras da sexta-série faziam. Eu sempre fui um pouco abusado, mas acho que elas sempre gostaram. Todas às vezes são iguais, mas às vezes é difícil recordar. Aquela foi a primeira vez. Eu estava na pré-escola e depois daquilo, nunca mais foi do mesmo jeito.

Diversas outras vezes vieram. O amor da sexta, da sétima-série. Na sétima como foi ótimo. Duas me amavam. Eu era o mini-Fábio Assunção do ginásio. Eu amava as duas de maneira igual, não podia escolher entre uma e outra. Eu seria injusto. Eu era incapaz de fazer isto. No final, as duas me deixaram ao mesmo tempo, por um outro único cara. Meu Deus, como eu sofri! Será que elas não podiam imaginar?

Mas passou, então foi a vez das pós primeiro grau. Estenderam-se por anos. Também em duplas. A primeira, uma amiga que se apaixonou por mim. Eu era somente seu amigo, nunca havia imaginado ser nada mais do que isto. Eu resisti por um bom tempo. Foi estranho a primeira vez que nos beijamos. Ela abusava da liberdade da nossa amizade. Me provocava, me agredia verbalmente, e às vezes, eu devolvia fisicamente. Certa vez, em uma destas viagens colegiais para lugar nenhum, onde o mais divertido é estar dentro do ônibus, ela passou grande tempo dizendo em voz alta, no fundo do ônibus que eu era viado.

Permaneci escutando, quieto, sentado na poltrona do corredor. Então, em certo momento, ela passou ao meu lado e eu abaixei-lhe seu shorts. Era um destes shorts com elástico na cintura que cobria até a metade das cochas. Desceu o suficiente para mostrar uma parte de suas nádegas e sua calcinha. Na verdade foi lindo. Um de meus amigos, o Júnior, me disse que se masturbou várias vezes por aquilo. Acho que o ônibus inteiro o fez. Ela me odiou por muito tempo por isto.

Entre a gente era assim, pesado. Ela me dava socos na boca e eu enfiava dedos em seus olhos. Era mais raiva juvenil do que romance. Por isto, eu me recusava a ficar com ela. Por puro orgulho. Até o dia em que o dia em que eu desisti de ser rancoroso e ceder. Ai então, como sempre acontece, foi ela quem não quis mais.

A última da minha fase juvenil talvez tenha sido a pior de todas. O maior dos meus platonismos. Apaixonei-me logo a primeira vez que a vi. Era meu primeiro ano naquele colégio. Ela acabava de se mudar. Não sabia distinguir se ela era nova na cidade, ou se somente não a conhecia. Ele vinha de uma família classe média que podia ser considerada elite naquela escola estadual, porém nunca negava um prato de sopa ou arroz temperado na hora do intervalo. Estava sempre na fila da merenda. Eu sempre tentava ficar ao seu lado, do lado oposto da mesa onde as refeições eram servidas. Você sabe como as coisas funcionam nas instituições de ensino não superior, meninos de um lado, meninas do outro.

Toda sexta feira, no final da tarde, ela passava em frente à loja de tecidos da minha tia. Às vezes ia até o bazar, às vezes subia um pouco mais, até a padaria. Eu trabalhava de office-boy no escritório de contabilidade do meu primo nos fundos, mas às sextas-feiras, sempre ia para a frente da loja e ficava lá, sentado, esperando ela passar em sua bicicleta. Ela não tinha de coragem de me olhar, então só eu a fitava e me divertia.

Era bastante recatada, morria de medo do seu pai, e este era o grande problema. Certa vez, em um domingo, após a missa – ela não era católica, mas fazia companhia para as amigas que disfarçavam ser – nós nos encontramos. Iríamos trocar alguns beijos embaixo de uma árvore. Eu encostei-me na árvore e deixei que ela viesse ao meu encontro. Eu sempre fazia isto, ficava lá a disposição delas, me oferecendo aos seus gostos. Somente não quando elas tentavam fugir, então eu as colocava contra o tronco. Ela me abraçou, suas mãos se encontraram com a pele do arbusto. A árvore era velha e nela existia um formigueiro, destas formigas grandes que cortam a pele onde ferroam. Não eram saúvas, eram mais selvagens. A formiga pegou seu dedo. Mas ela não me contou, pois ao mesmo tempo seu pai passou na rua perpendicular a nossa, na esquina de baixo. Ele possuía uma caminhonete de barulho inconfundível. Ela me deixou lá, sozinho e saiu correndo. Fiquei lá, plantado, como a própria árvore. Só depois de muito tempo, ela me disse que a formiga havia pego o seu dedo, que ele havia ficado muito inchado e que ela precisou contar uma desculpa esfarrapada para sua mãe.

Depois disto, decidi também que não perderia mais meu tempo com estas infantilidades. Eu devia ter uns catorze anos. Tantas garotas sedentas para eu passar as mãos em seus peitos, apertar suas bundas, esfregar seus corpos contra o meu, e eu iria perder meu tempo com uma garota que fugia ao ouvir barulho de carros?

E assim se arrastou por anos. Até se tornar um caso de ensino médio. Então ela havia crescido, estava se tornando uma bela mulher, com belas pernas, cabelos castanhos compridos, peitos redondos, e de caso com um namoradinho de outra cidade. E você acha que isto foi algum empecilho? Nenhum. Bastou um telefonema para que estivesse tudo terminado entre eles e eu fosse novamente o dono do pedaço. Reatamos de maneira mais séria. Às vezes eu passava em sua casa, às vezes ela me ligava, queria saber onde eu sairia. Para o tamanho dos descasos que eu já havia feito, isto era profundamente um relacionamento. Éramos um casal, e nossos melhores amigos, o meu, e a dela, também eram um casal, que nos apoiavam ainda mais em sermos um casal. Mas de qualquer forma eu estava pouco me importando para aquilo, até que um dia a notícia veio. Eu já contei que o pai dela era um gerente bancário. É verdade. Vocês sabem o que faz um gerente bancário? Ele chega a uma cidade, fica amigo de todo mundo, conquista novos clientes e quando ele está envolvido a ponto de fazer parte daquilo, daquele lugar, ele precisa ir embora, pois ele controla o dinheiro do banco, e dinheiro e amigos são coisas que não se misturam. Somente dão certo nos casos mais sérios e duradouros, aquelas amizades que são mais do que verdadeiros casamentos, porque casamentos acabam, mas aqueles dois amigos apanharam juntos todas as surras que esta vida a eles achou necessário aplicar, saíram juntos na chuva em dias frios sem um puto no bolso, estiveram juntos enquanto seus pais se separavam, dormiram juntos bêbados enquanto cachorros lambiam seus rostos, e permaneceram juntos.

Então ela se foi, eles se mudaram. Achei legal no primeiro mês, aquilo estava me sufocando. Eu queria estar na rua com meus amigos, colocando fogo em latões de lixo durante a noite, tomando vinho e voltando para casa bêbado. E foi legal durante o segundo, e o terceiro também. Até que um dia, depois de uns seis meses, ela voltou, e eu havia descoberto a falta que ela me fazia. Que estava apaixonado, e que ela era a mulher da minha vida. Nós éramos tão parecidos, nossos sonhos eram os mesmos, nossas mães torciam por aquilo e tudo deveria ser perfeito. Mas era tarde.

Passei anos ligando para sua casa, no final das tardes de sábado, quando chegava em casa bêbado e emotivo, depois de passar a tarde no bar com os amigos, assistindo partidas de truco, sinuca e escutando samba que os caras do bar tocavam. Ela também sofreu muito. Odiava a profissão do pai e sua vida nômade. Odiava a sua educação formal e suas imposições. Odiava o fato de se mudar para algum lugar, fazer amigos, construir algo e quando passar a ser aceita, chegar a hora de ir embora. Acabou, baixem a lona, o circo está de partida. Mas era isto, estava feito, nós estávamos no fundo. Eu morava em um buraco, e ela, no fim do mundo com o nome de Mato Grosso.

 

:: Vinicius Aguiari, - 8:57 PM [+] ::

::  segunda-feira, maio 15, 2006  ::

E se o Iluminado aparecesse no You Tube?

Não o filme do Kubrick com o Jack Nicholson, mas o vagabundo iluminado, o buda americano, o anjo caído pervertido Jack Kerouac. E ele está lá, no Steven Allen Show, em 1959, com seu corpo franzino dentro do seu paletó alinhado. Enquanto o anfitrião toca o seu piano e pergunta a Jack quanto tempo ele levou para escrever seu romance? Três semanas. E quanto tempo você passou viajando? Sete anos. E é verdade que escrevia tão rápido que usou uma folha de papel contínuo, um maço de telex? Yeah. E pelo rosto de Kerouac se percebe que ele não é um homem como qualquer outro.

A conversa é interrompida por uma outra, da fase quando Kerouac já havia se tornado um republicano reacionário velho e gordo, e morava junto de sua mãe.

No final, Kerouac lê, interpreta um trecho de sua obra, o clássico On the road, acompanhado de Allen ao piano. E ele contagia, e transmite toda a vibração da narrativa através de seus vocábulos. E evoca Dean Moriarty, e eu diria o que ele diz em sua última frase, mas eu não compreendo. Então assista ao vídeo.

 

:: Vinicius Aguiari, - 10:15 PM [+] ::

::  domingo, maio 14, 2006  ::

Blogs.com.$$$.boom!!!


E os blogs estão na capa do Mais! de hoje na Folha de São Paulo. Em artigo de Trevor Butterworth, que analisa o que existe de real e o que não passa de ufanismo sobre, a já não mais, nova tecnologia.

O primeiro ataque dos blogs a primazia da imprensa americana aconteceu quando aglomerados de escritores sob pseudônimos, surgiram em sites como o Gawker para fazer piada do establishment estado-unidense, fofocar sobre suas celebridades e ridicularizar com a velha guarda da imprensa. Um dos maiores furos do site foi a publicação de uma sincera entrevista, de uma jovem funcionária de Wall Street e a proximidade destes com os traficantes de cocaína - imigrantes – pais de família, e suas relações simbióticas.

Através disto, seus autores, conseguiram projeção e fama, e então mostraram a cara sorrindo à toa nas páginas da Fanity Fair, uma espécie de bíblia do american way of life celebrity and yuppie.

De lá para cá, muitos posts rolaram, e os blogs passaram de uma mania narcisista individual, para fontes de informação segura. Esta tendência se consolidou recentemente no Brasil. Como no modelo americano, grandes grupos de comunicação, como a própria Folha e o Uol, contrataram - ou atribuíram uma tarefa a mais - a jornalistas de renome como Sérgio Dávila, Soninha Francine e Juca Kfouri, para que estes colocassem no ar seus blogs. Foi salto do underground para o hype, o roubo da alma dos outsiders. Mas isto nunca foi algo negativo. Estava lá pronto e precisava emergir.

Mas na verdade, o que acontece no momento é uma verdadeira Serra Pelada vitual, em busca do pote de ouro. Blogs podem trazer reconhecimento e fama (vide Bruna Surfistinha), mas em poucos casos trazem dinheiro (vide novamente a própria, somente uma puta para tamanha sagacidade em conseguir os dois). Segundo o artigo de Butterworth, no final de 2002, existiam 15 mil blogs. Hoje, 56 blogs novos são lançados por minuto. Para constatar tais números, basta ir ao alto desta tela, e clicar no botão Next Blog, à direita, na barra de navegação do Blogger; e verificar quantos das próximas páginas possuem pelo menos seis meses de arquivo (o que não é o caso deste blog, pois este foi reiniciado, de forma que os arquivos foram excluídos).

Segundo ainda o artigo, blogueiros que recebem cerca de dez mil visitas diárias em suas páginas, conseguem uma receita entre U$1000,00 e U$2000,00 em anúncios. Mas agora, eu lhes digo: dez mil visitas diárias, com o teor da expressão, são visitas pra c*****. Abra um blog e veja se você consegue chegar a este número.

Porém, existe um brasileiro que conseguiu, que largou seu emprego e hoje vive da publicidade e vendas do seu blog. Edney Souza, foi até tema de reportagem da revista Época, o que aumentou ainda mais os acessos em sua página. Porém, Souza fez questão de explicar, no próprio blog, que nada foi nada tão simples, que começou com o site há anos e precisou estudar muito Html, Php, Css, além de passar o dia na internet, a procura de conteúdo para alimentar seu site.

No Brasil, a blogosfera anda a toda e programa para o próximo dia 20 um encontro que promete reunir “escritores, ativistas, pensadores, artistas e formadores de opinião” que compõem o meio. Ninguém sabe quem está organizando. As informações sobre o local e o horário, somente são repassadas depois que o convidado confirma sua presença em seu próprio blog. Ficou curioso? dá uma olhada na lista de convidados do evento:

O que tem no copo vermelho?

Enquanto isto, este pobre blog ainda espera atualização sua atualização na lista de cadastro no Google. Deseja que, caso alguém tenha gostado, se sinta a vontade para adicionar um link, dar uma divulgada, um empurrãozinho. Porque o sol não irá brilhar para todos, mas eu já fico contente se pegar uma corzinha.
 

:: Vinicius Aguiari, - 4:41 PM [+] ::

::  sexta-feira, maio 12, 2006  ::

Retrato do amor enquanto jovem - parte 1

Eu posso me lembrar como se fosse hoje, porque todas as vezes são iguais. Ela se sentava duas carteiras a minha frente, na segunda fila à direita. Era uma distância imensurável. Todas as vezes que olhava para o quadro negro, antes olhava para seus cabelos. Somente pensava em como devia ser legal ficar de mão dada com ela durante o intervalo. Dividir o mesmo lanche e lhe contar algumas piadas para faze-la sorrir. Mas ela não andava com cara algum. Não conversava com ninguém. Acho que não possuía nenhum amigo do sexo oposto, e meu Deus, como eu sofria com o seu silêncio.
Toda vez que seu pai não vinha a buscar após a aula com aquela Caravan, eu ia caminhando atrás dela. Cerca de uns 20 metros, com minha lancheira na cintura, há uma distância suficiente para parecer que não a seguia. Mas podia admirá-la. Eu nunca conversei com ela. Assim deve ter sido até a quarta-série quando eu já estava apaixonado por outra garota, de pele clara e cabelos encaracolados escuros. Como eu a amava, e ela, também me amava. Nós nunca conversávamos, mas ela foi meu primeiro beijo, e eu já achava o suficiente para colocar a mão em suas nádegas, como os caras da sexta-série faziam. Eu sempre fui um pouco abusado, mas acho que elas sempre gostaram. Todas as vezes são iguais, mas as vezes é difícil recordar. Aquela foi a primeira vez. Eu estava na pré-escola e depois daquilo, nunca mais foi do mesmo jeito.
 

:: Vinicius Aguiari, - 1:17 PM [+] ::

::  quinta-feira, maio 11, 2006  ::

Este aqui, a Conrad não disponibiliza.


não poesia anárquico-concreta...

traduzindo:

Este aqui, a Conrad não disponibiliza.
 

:: Vinicius Aguiari, - 12:04 PM [+] ::

::  terça-feira, maio 09, 2006  ::

Apesar de maduro, Sonic Youth ainda vale a pena

capa de Rather Ripped Rather Ripped, o novo disco do Sonic Youth ainda não foi lançado, mas já está disponível na rede. Como no seu antecessor, Sonic Nurse, a juventude sônica reaparece de forma doce e delicada, porém as divagações melódicas e o clima as vezes etéreo de Nurse não se repetem em Rather Ripped. RR é mais direto e redondo.

Quatro segundos são suficientes para que Kim Gordon apareça na power pop Reena, faixa que abre o disco e sentencie "You keep me comin home again", a história de um flerte na ausência do companheiro ("When you were gone, I met a friend").

Na sequência Incinerate vem como o hit do disco, mas não possui o vigor e força de outras dos tempos de Evol, Experimetal Jet Set, Trash and no Star ou Dirty.

"Do you believe in rapture?" emula aqueles dois acordes da velvetiana Heroin para construir a que seria a mais tocante canção do disco, se não fosse o fato do SY fazer questão de provocar um anti-climax no momento exato em que você está quase creditando em um êxtase.

Rats, escrita e cantada por Lee Ranaldo soa como a mais enérgica e épica música do disco. Com uma melodia difusa e guitarras caóticas em um nível contido, traduz da melhor forma o que a banda pode produzir de mais forte nesta fase madura, onde a microfonia e o ruído não atingem mais os limites humanos dos decibéis.

Rather Ripped foi gravado entre o final de 2005 e começo de 2006, após a passagem da banda pelo Brasil e a decisão do músico e produtor Jim O´Rourke deixar o grupo para se dedicar a outros projetos.

Após exorcizar a urbanidade temática de Nova York nos seus trabalhos anteriores, a banda segue na linha melódica de como se estivesse vivendo uma vida pacata, no meio-leste americano ou em uma New Orleans pré-Katrina. Uma espécie de paz de espírito às vezes abalada por alguma noticia do telejornal. Uma paz que provavelmente se alcance com o tempo, tempo este que Thurston Moore, Kim Gordon, Lee Ranaldo e Steve Shelley já acumulam em média, quase 5 décadas cada um.

Talvez o que melhor traduza tudo isto é ambígua Or, última canção do disco, onde Moore inicia “in your mouth a wad of cash / moist roll of hundreds” e finaliza “how long's the tour? / what time you guys playing? / where you going next? / what comes first, / the music or the words?”, uma critica aos homens que transformam a arte em capital. Enquanto Moore sussura a letra, a melodia remete ao primeiro olhar esperançoso após um terremoto, enquanto pedras ainda se descolam e não se sabe ainda, ser era melhor ter partido ou permanecer vivo.



Para baixar Rather Ripper clique aqui. Este é um servidor de torrent e você precisará de um outro programa, como Bit Comet para concluir o download.
 

:: Vinicius Aguiari, - 12:44 AM [+] ::

::  sexta-feira, maio 05, 2006  ::

O mais feliz dos tangos

Higuaín comemora um de seus gols junto a Marcelo Gallardo

Contrariando as expectativas, o Corinthians perdeu, ontem à noite por três a um, para o River Plate em pleno o Pacaembu. E a torcida não deixou barato. Mais uma vez deu uma aula de mau comportamento no estádio.

Parte da culpa é da imprensa esportiva e da ufanização e oba oba que fizeram em cima do "Timão" sobre a sua participação e o sonho do título inédito da Libertadores.

Quero ver agora com o que os programas de debates e telejornais esportivos irão se ocupar? O pior é que a resposta é óbvia: a crise no Corinthians.

Este é o preço de ser o time da massa. Para o bem ou para mal, se é notícia. Pior que estimativas apontam que o São Paulo seja o time com maior torcida na cidade de São Paulo até 2013.

Acho que o torcedor corintiano devia se conformar e adotar a postura do seu equivalente carioca: o Flamengo. Vá ao estádio e espera por um mal resultado. Quando ele não vier, comemore. Pois se toda vez que estes idiotas se sentirem frustrados decidirem arrebentar com o Pacaembu...

Este é outro ponto. Há menos de um ano, os torcedores corintianos deram o mesmo espetáculo quando o time perdeu de cinco a um para o São Paulo. Acho que o Corinthians devia ser suspenso de jogar no estádio municipal. O time não possui um estádio decente e a torcida ainda depreda o que é público. Corintiano se acha dono do Pacaembu. Que vão jogar no Parque São Jorge. Até a Portuguesa possui um estádio mais decente do que o alvinegro.

Quero ver para onde vai a MSI agora? E o Boris Berezovski se chegou perto do Pacaembu, ontem, também passou apertado com os policiais federais na cola dele.

Do mais, é voltar para a fila e esperar por não sei mais quantos anos por um titulo que nunca virá. Talvez uma eternidade, enquanto neste mundo existir um pequeno senso de justiça divina.
 

:: Vinicius Aguiari, - 2:40 PM [+] ::

logo